Cultura Organizacional

Assédio moral no trabalho: o que fazer?

O assédio moral no trabalho é a humilhação e constrangimento dos funcionários, de forma repetitiva e prolongada na empresa. Entenda mais sobre o assunto!


Você sabia que mais da metade (52%) dos profissionais no mercado de trabalho já foram vítimas de assédio moral? Surpreendentemente, mais de 87% desses casos nunca foram denunciados. Esses dados são provenientes de uma pesquisa conduzida pelo VAGAS.com. 

O assédio moral é caracterizado por qualquer comportamento repetitivo no ambiente de trabalho que exponha o colaborador ao ridículo ou o constranja, afetando sua saúde mental e física.

Isso pode incluir xingamentos, cobranças excessivas, fofocas, e outras situações similares.

Qualquer situação que seja ofensiva ao colaborador pode ser classificada como assédio moral no ambiente de trabalho. Para prevenir essa conduta prejudicial, que pode prejudicar a reputação da empresa e comprometer sua atuação no mercado, é fundamental tomar medidas preventivas.

Mas, se a empresa já enfrentou um caso comprovado de assédio moral, como deve agir? E como desenvolver ações para impedir a ocorrência de novos casos?

Neste artigo, a mywork vai te ajudar a entender mais sobre assédio moral nas empresas e sobre quais medidas podem ser tomadas para evitar e retificar situações como essa.

Continue com a leitura e aprenda mais sobre assédio moral no trabalho.

O que é assédio moral no trabalho?

Trata-se da exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações de humilhação e constrangimento, de forma repetitiva e prolongada durante as jornadas de trabalho e atividades diárias. 

Esse tipo de situação é mais frequente em relações hierárquicas autoritárias e desiguais, em que prevalecem atitudes negativas, relações desumanas e antiéticas de longa duração, perpetradas por um ou mais chefes em direção a um ou mais subordinados.

Tal comportamento tem potencial para desestabilizar a relação da vítima com o ambiente de trabalho e com a organização, forçando-a a abandonar o emprego.

A humilhação repetitiva no ambiente de trabalho compromete, portanto, a identidade, dignidade, as relações interpessoais com os colegas e ocasiona danos na saúde mental e até mesmo na saúde física das vítimas.

Assim, pode-se dizer que o assédio moral no trabalho é um risco “invisível”, mas com reverberações e consequências concretas, nas condições de trabalho.

Como geralmente acontece o assédio moral no trabalho?

O assédio moral no trabalho é definido como a degradação intencional das condições laborais em que predominam atitudes e comportamentos negativos por parte dos superiores em relação aos seus subordinados. 

Isso resulta em uma experiência subjetiva que acarreta danos emocionais e práticos tanto para o trabalhador quanto para a organização. 

A vítima do assédio é isolada do grupo, sem explicações, passando a ser alvo de hostilidades, ridicularização, inferiorização, culpabilização e desacreditação perante seus colegas. 

Por medo do desemprego e da humilhação, juntamente com o incentivo constante à competição, os demais funcionários rompem seus laços afetivos com a vítima e frequentemente reproduzem as ações e comportamentos do agressor, consolidando um pacto de tolerância e silêncio no ambiente de trabalho. 

Enquanto isso, a vítima gradualmente perde sua estabilidade emocional e autoestima.

Quais são os comportamentos de quem comete assédio moral?

O assédio moral no trabalho pode se manifestar de diferentes maneiras, mas há alguns comportamentos que podem ser identificados com mais facilidade nesse tipo de situação. Entre estes, podemos destacar:

  • Isolar a vítima do restante do grupo;
  • Impedir que a vítima se expresse livremente sem apresentar motivos;
  • Ridicularizar, fragilizar e menosprezar em frente aos colegas;
  • Culpar e responsabilizar publicamente;
  • Invadir o espaço particular e familiar da vítima;
  • Desestabilizar emocionalmente;
  • Prejudicar profissionalmente;
  • Impor que os demais trabalhadores participem ou façam vista grossa para o assédio.

Também é importante ressaltar que as formas de assédio moral também podem variar de acordo com o sexo dos trabalhadores. É comum que mulheres que sofrem assédio moral no trabalho também enfrentem situações de assédio sexual, no entanto, o mesmo também pode acontecer com homens. 

De toda forma, é imprescindível que todos os trabalhadores, independente do nível hierárquico na empresa, saibam reconhecer situações de assédio para ajudar na proteção das vítimas e punição dos assediadores.

Quais são os tipos de assédio moral no trabalho?

Mulher branca vestindo um moletom cor de rosa dando as costas para uma mulher negra que veste uma blusa de lã azul

Existem diversos tipos de assédio moral que podem ocorrer no ambiente de trabalho, entre eles:

  1. Ofensas verbais: xingamentos, insultos, ameaças, palavras de baixo calão, ironias, sarcasmo, entre outros.
  2. Humilhação pública: exposição da vítima a situações vexatórias na presença de outros colegas ou clientes.
  3. Sobrecarga de trabalho: atribuição de tarefas excessivas, prazos irrealistas ou pressão constante para produzir mais.
  4. Isolamento social: a vítima é ignorada, excluída ou isolada do grupo de trabalho sem justificativa plausível.
  5. Críticas constantes: avaliações negativas recorrentes e sem justificativa, apontando erros imaginários ou irrelevantes.
  6. Discriminação: tratamento diferenciado e injusto em razão da cor, sexo, idade, orientação sexual, deficiência, religião, entre outros fatores.
  7. Ameaças: intimidações físicas ou psicológicas, incluindo ameaças veladas ou explícitas de demissão ou de violência.
  8. Exigências abusivas: solicitações vexatórias ou inadequadas, como exigir que o funcionário faça algo contrário às normas da empresa ou de sua ética pessoal.

É importante ressaltar que esses exemplos não são exaustivos e que cada situação pode ser única e envolver outras formas de assédio moral. Por isso, é importante ter equipes treinadas para identificar diferentes tipos de assédio moral e suas nuances.

O que diz a lei do assédio moral no trabalho?

Cometer assédio moral no trabalho é crime previsto por lei, mais especificamente, sua previsão está no Artigo 146 do Código Penal. 

A lei determina que a pessoa assediadora pode ser detida por até dois anos ao prejudicar a dignidade de alguém no ambiente de trabalho. Veja a regra:

Artigo 146-A do Código Penal: Ofender reiteradamente a dignidade de alguém causando-lhe dano ou sofrimento físico ou mental, no exercício de emprego, cargo ou função.

Pena: detenção, de um a dois anos e multa, além da pena correspondente à violência.

§ 1º – Somente se procede mediante representação, que será irretratável.

§ 2º – A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.

§ 3º – Na ocorrência de transação penal, essa deverá ter caráter pedagógico e conscientizador contra o assédio moral.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) desenvolveu uma cartilha sobre questões de assédio no trabalho como forma de fomentar políticas de prevenção a este tipo de situação tão desagradável e nociva.

Quais são as consequências do assédio para o profissional?

Homem branco, com feições preocupadas, vestindo roupa social, no ambiente de trabalho sentado à mesa de trabalho com as mãos apoiadas na cabeça

De acordo com a pesquisa apresentada no início deste artigo, 39% dos entrevistados que sofreram assédio no trabalho dizem que essa situação desencadeou problemas em seu desenvolvimento profissional.

Mais do que impactar o desenvolvimento dos trabalhadores, o assédio pode causar problemas de ordem psicológica, social e física que são difíceis de lidar.

Entre estes problemas, destacamos os mais comuns a seguir:

Baixa autoestima profissional e pessoal

A pressão causada por um cenário de assédio no trabalho tem a tendência de abalar a autoestima do profissional que é vítima dessa situação.

Trabalhadores que são assediados geralmente são colocados em posições de muita vulnerabilidade, em que seus assediadores os expõem negativamente, questionam sua competência e os ridicularizam.

A tendência é que as vítimas se sintam inferiores aos demais colegas de trabalho e, consequentemente, tenham uma queda de produtividade.

Depressão

Segundo informações divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 75.000 trabalhadores solicitaram afastamento do trabalho devido à depressão, que foi desencadeada pelo assédio moral no ambiente de trabalho. 

O assédio moral pode afetar o bem-estar emocional do colaborador, levando-o a apresentar baixo desempenho, tristeza e uma visão negativa de sua vida profissional e pessoal.

Pânico

Pode ser definido como uma situação de medo, mal estar ou ansiedade forte que surge repentinamente. O assédio moral no trabalho pode desencadear quadros de síndrome do pânico.

Isso acontece porque o trabalhador entra em um estado de medo constante do futuro e das retaliações que inevitavelmente vai sofrer, ou com a pressão de precisar entregar suas demandas em prazos irreais.

Distúrbios psicossomáticos

O assédio moral no trabalho pode levar o colaborador a desenvolver distúrbios psicossomáticos, ou seja, doenças físicas que surgem a partir de problemas emocionais. 

Esses distúrbios podem incluir dores de cabeça, dores musculares, dor no peito, aumento da pressão arterial, insônia, gastrite, entre outros sintomas, que são desencadeados por momentos de irritação ou ansiedade causados pelo assédio moral.

Como a empresa deve agir ao receber uma denúncia de assédio moral?

Uma empresa deve agir imediatamente após receber uma denúncia de assédio, pois o silêncio e a inércia podem perpetuar o problema e afetar gravemente a saúde mental e física dos colaboradores. As ações que devem ser tomadas podem incluir:

1 – Escutar a vítima: a empresa deve garantir que a vítima se sinta segura e confortável para relatar o que aconteceu. É importante ouvi-la com atenção e sem julgamentos, para que ela se sinta acolhida e compreendida.

2- Investigar o caso: a empresa deve abrir uma investigação para apurar o que aconteceu e quem são os envolvidos. 

A investigação deve ser conduzida de forma imparcial, justa e sigilosa, garantindo a privacidade e a proteção da vítima. 

É importante que a empresa envolva o setor jurídico nessa investigação e entenda quais passos, dentro da lei, devem ser tomados. 

3- Tomar medidas preventivas: após a apuração dos fatos, a empresa deve tomar medidas preventivas para evitar que o assédio ocorra novamente e ofereça segurança psicológica para a vítima.

Isso pode incluir treinamentos para os colaboradores sobre o tema, revisão de políticas internas e ações disciplinares para os envolvidos, como demissão por justa causa.

4- Apoio à vítima: a empresa deve oferecer apoio psicológico à vítima, além de orientá-la sobre seus direitos e as medidas legais que podem ser tomadas.

5- Comunicação transparente: é importante que a empresa se comunique de forma transparente com seus colaboradores, informando sobre a situação e as medidas que estão sendo tomadas. Isso ajuda a garantir a confiança e o respeito mútuo no ambiente de trabalho.

Em resumo, a empresa deve agir com rapidez, transparência e empatia, garantindo a proteção e a segurança de seus colaboradores.

Grupo de quatro trabalhadores, sendo três mulheres e um homem, sentados em círculo enquanto falam sobre assédio moral

O que o funcionário deve fazer ao sofrer assédio no trabalho?

Profissionais que sofrem assédio no trabalho podem se sentir confusos e perdidos na hora de pedir ajuda, mas é importante ressaltar que as vítimas devem pedir ajuda à empresa e, se necessário, a órgãos de justiça.

Para agir corretamente diante de um assédio moral, você, profissional, deve:

Manter a calma

E isso deve ser feito para que você não perca a razão diante de uma situação que já é muito delicada. Você deve reconhecer que foi vítima de um assédio e buscar seus direitos.

Buscar ajuda do RH

O departamento de RH deve ser sua primeira fonte de ajuda diante de um caso de assédio no trabalho. Com certeza a empresa não quer ter sua imagem atrelada a uma situação tão delicada e nociva à integridade de seus funcionários e este setor é responsável por mediar qualquer situação deste nível.

O RH tem como responsabilidade encontrar uma solução para cenários de assédio no trabalho, inclusive, se necessário, atuando junto ao departamento jurídico. 

Trabalhar na retomada da autoestima

Manter uma boa autoestima diante de uma situação de assédio pode ser um grande desafio para as vítimas, mas é parte importantíssima do processo de retomada da autoconfiança.

O que pode ajudar é buscar ajuda psicológica e praticar atividades em grupo que ajudam na retomada da segurança.

Como a empresa pode evitar situações de assédio moral no trabalho?

As consequências de uma situação de assédio no trabalho podem ser diversas, desde brigas até agressão física entre trabalhadores. Para evitar que isso aconteça, a empresa pode:

  • Promover palestras sobre o tema de assédio;
  • Trabalhar a cultura interna da empresa para deixar claro que nenhuma situação de assédio será tolerada;
  • Desenvolver um código de ética interna que tenha regras específicas anti-assédio;
  • Capacitar gestores, lideranças e equipes para identificar diferentes tipos de assédio no trabalho e buscar soluções;
  • Criar canais de comunicação transparentes que permitam a denúncia de casos de assédio sem expor o trabalhador que é vítima;
  • Utilizar ferramentas de gestão de funcionários, como a mywork, para identificar problemas que podem estar relacionados a casos de assédio, como atrasos e alto turnover.
  • Punir exemplarmente aqueles que cometem assédio dentro do ambiente de trabalho (as punições podem variar de advertências até suspensões ou demissões).

Conclusão

O assédio moral é uma situação que infelizmente é comum nas empresas, trazendo prejuízos tanto para a organização quanto para a vítima. Por isso, é fundamental adotar medidas estratégicas para evitar que o problema ocorra e se torne frequente. 

É importante abordar o assunto por meio de palestras e treinamentos, além de disponibilizar um canal sigiloso para denúncias e encorajar os colaboradores a reportarem casos de assédio.

A empresa também deve investigar todas as acusações de assédio, seja moral ou sexual, e agir de forma exemplar na punição dos responsáveis, mostrando que esse tipo de comportamento não é tolerado.

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